quarta-feira, 26 de junho de 2013

Exame de Desenho A, primeira chamada

A Náusea, ou a utilidade dos exames -e dos seus modelos - para aferir aquisições relevantes


As instruções eram claras e precisas e o modelo fornecido possibilitou diversas opções de montagem e de pontos de vista para a sua representação; uma novidade implementada no ano lectivo anterior.
Há vantagens nesta opção? Na perspectiva dos classificadores, muito provavelmente não. Quanto aos alunos, ignora-se a mais-valia em contexto de exame. Há ecos de alguma indefinição e do tempo perdido a experimentar esta ou aquela opção e…tic-tac..o tempo foi-se escoando.
A questão um implicou registo directo, sem traçado prévio, algo que foi certamente difícil para muitos examinandos, desejosos de alcançar os melhores resultados. Quanto aos traçados prévios, alguma habilidade e uma borracha e o resultado foi outro…Duvida-se que os alunos tenham sido tão expeditos quanto indiciava o enunciado…e o tempo foi passando.
A questão dois é um clássico. Pretendia-se a exibição do domínio dos materiais, das técnicas, da capacidade analítica e da representação das formas, compreendendo os diversos elementos que participam na ilusão realista; proporção, ângulos aparentes, distâncias, espaço negativo, contornos, sombras, valores tonais, etc. Dadas as características deste exercício, uma parcela substancial do tempo disponível ter-se-á esgotado aqui.
Dos testemunhos recolhidos, a resposta ao grupo II ocorreu no início do tempo de compensação: pouco menos de meia-hora para atestar o domínio da figura humana -apesar de submetida a processos de síntese-, das estratégias de composição, da sugestão do movimento e, eventualmente, para responderem criativamente à questão colocada. Não se entende, ao convocar o uso da cor (finalmente sem a obrigatoriedade do pastel de óleo) a frase “escolha criteriosa das cores”. O que se pretende com esta inibição indefinida? A opção por cores aprovadas pela associação de pasteleiros das Berlengas?
Retoma-se o que todos os anos tem sido referido: o princípio da avaliação não deveria sacrificar a especificidade da disciplina. Esta disciplina tem, a todos os níveis, práticos e teóricos, particularidades que a distinguem das demais (quem desenha sabe-o bem). Sujeitar os alunos a um exame não permite aferir com justiça níveis de desempenho e as competências adquiridas com a mesma precisão que um portefólio permite.

P.S.: Não deixa de ser curiosa a análise benigna e complacente produzida pela Aproged. Será que os signatários estão, de algum modo, vinculados ao GAVE?
Ligação rápida: Artes - Desenho - Geometria Descritiva