Classificadas e entregues as provas de exame de Desenho A, espera-se a sua
afixação e o devido balanço estatístico.
Da prova:
Um modelo frágil e insípido de cartolina composto
por três elementos, oferecendo múltiplas possibilidades de montagem. Com que
propósito ou vantagem para os alunos? Desconhece-se. Para além do óbvio
acréscimo de trabalho e do desgaste para os classificadores, nada mais se
consegue retirar desta novidade.
A eliminação de uma das habituais quatro
questões foi bem recebida; peca por tardia e denota uma dificuldade preocupante
do GAVE em proceder aos necessários balanços (Vide relatório dos exames de 2010-2011: uma pobreza confrangedora em estatistiquez, aqui).
No Grupo II, era pedida a ilustração de uma
parcela da “Mensagem”, de Fernando Pessoa, até aqui tudo bem mas, eis que o
autor(a) da prova oferece, num arroubo de generosidade, “um estímulo visual
para a criação de uma nova representação da figura d’O Mostrengo”: uma escultura
de José de Guimarães! Não fosse o estrago que o estímulo produziu em muitas cabeças
frágeis – porque depauperadas, entre outras, da necessária formação artística –
o caso seria para rir. Já agora, por que razão se limitaram a este estímulo? E,
principalmente, por que razão é necessário um “estímulo visual”?
A intendência continua a ter dificuldades em
acertar com o papel, equilibrando textura com gramagem e adequando-o ao teor da
prova e aos meios implicados.
Dos descritores:
Os
descritores são omissos em diversos aspectos. Por exemplo: dadas as instruções,
não especificam penalizações para aqueles que procederam a montagens erradas
(num conjunto de 42 provas, ocorreram cerca de 25% de casos de yoga com o
modelo). Outros são abstrusos como, por exemplo, o descritor c) da
questão 1 do Grupo I, ou o descritor e) do Grupo II. Outros revelaram-se
inúteis como é o caso do descritor a) (Grupo I, questão 1.) que, incidindo na
qualidade do traço, foi inutilizado nas situações em que o aluno optou por
preencher o espaço negativo com um valor tonal escuro, ocultando assim os contornos.
Por fim, o descritor b) do Grupo II é uma pérola reverberante da pedagogia mais
recente: “trabalha as formas a partir do estímulo visual apresentado”. Pretende-se
que o aluno mimetize? Ou, à guisa de um academismo pós-moderno, faça uma coisa
com laivos de contemporaneidade?
Nota final:
Os últimos anos têm denunciado uma pobreza crescente
das respostas implicando o exercício da criatividade. Não será estranho o facto de terem sido retiradas horas no 3º ciclo a E.V. (e que esta reforma corrige muito timidamente), eliminadas disciplinas fundamentais no secundário (e.g. Teoria do Design) ou amputadas outras, como História das Artes. Com a redução de horários imposta pela ditadura do economês, não se auguram melhorias neste campo.
A apresentação de um portefólio é a modalidade
que assegura maior equidade e
que permite averiguar as reais capacidades dos alunos. Insistir no actual
modelo de exames de Desenho é um erro que urge corrigir.
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