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A Náusea, ou a utilidade dos exames -e dos seus modelos - para aferir aquisições relevantes |
As instruções eram claras e precisas e o modelo fornecido possibilitou
diversas opções de montagem e de pontos de vista para a sua representação; uma novidade implementada no ano lectivo anterior.
Há vantagens nesta opção? Na
perspectiva dos classificadores, muito provavelmente não. Quanto aos
alunos, ignora-se a mais-valia em contexto de exame. Há ecos de alguma
indefinição e do tempo perdido a experimentar esta ou aquela opção e…tic-tac..o
tempo foi-se escoando.
A questão um implicou registo
directo, sem traçado prévio, algo que foi certamente difícil para muitos
examinandos, desejosos de alcançar os melhores resultados. Quanto aos traçados
prévios, alguma habilidade e uma borracha e o resultado foi outro…Duvida-se que
os alunos tenham sido tão expeditos quanto indiciava o enunciado…e o tempo
foi passando.
A questão dois é um clássico. Pretendia-se a
exibição do domínio dos materiais, das técnicas, da capacidade analítica e da
representação das formas, compreendendo os diversos elementos que participam na
ilusão realista; proporção, ângulos aparentes, distâncias, espaço negativo,
contornos, sombras, valores tonais, etc. Dadas as características deste exercício, uma parcela substancial do tempo disponível ter-se-á esgotado aqui.
Dos testemunhos recolhidos, a resposta
ao grupo II ocorreu no início do tempo de compensação: pouco menos de meia-hora
para atestar o domínio da figura humana -apesar de submetida a processos de síntese-,
das estratégias de composição, da sugestão do movimento e,
eventualmente, para responderem criativamente à questão colocada. Não se entende, ao
convocar o uso da cor (finalmente sem a obrigatoriedade do pastel de óleo) a
frase “escolha criteriosa das cores”. O que se pretende com esta inibição
indefinida? A opção por cores aprovadas pela associação de
pasteleiros das Berlengas?
Retoma-se o que todos os anos tem
sido referido: o princípio da avaliação não deveria sacrificar a especificidade da disciplina.
Esta disciplina tem, a todos os níveis, práticos e teóricos, particularidades que a distinguem das
demais (quem desenha sabe-o bem). Sujeitar os alunos a um exame não permite aferir com justiça níveis de
desempenho e as competências adquiridas com a mesma precisão que um portefólio permite.
P.S.: Não deixa de ser curiosa a análise benigna e complacente produzida pela Aproged. Será que os signatários estão, de algum modo, vinculados ao GAVE?
P.S.: Não deixa de ser curiosa a análise benigna e complacente produzida pela Aproged. Será que os signatários estão, de algum modo, vinculados ao GAVE?