quinta-feira, 18 de dezembro de 2008


Aos Aprendizes Sujeitos a Exame

Encontram-se disponíveis, em formato pdf, as informações do exame de Desenho A, referentes ao ano lectivo 2008-2009. Estas podem ser descarregadas a partir do seguinte endereço: http://www.gave.min-edu.pt/np3content/?newsId=218&fileName=IE_Desenho_A_706__09.pdf

A informação transmitida merece, para já, o seguinte reparo: no que respeita aos materiais a apresentar pelos alunos a exame (ponto 5, da informação do GAVE), dos meios destinados a colorir, suscita estranheza a insistência nos pastéis de óleo. Entre outras razões, pela dificuldade que apresenta o seu manuseamento em dimensões relativamente reduzidas.
Não parece ser pedagogicamente correcto – como tem sido tónica – a obrigatoriedade na utilização de um meio específico, em particular nas questões de desenvolvimento, onde a técnica deve servir o sentido da resposta do aluno, devendo este escolher o meio de coloração que considere mais apropriado: lápis de cor, ceras, guache, aguarelas, etc.Voltando ao pastel de óleo, não se refere o uso da terebintina, que permite diluições, misturas mais delicadas e registos mais pormenorizados, ou seja, corre-se o risco da obrigatoriedade do recurso à técnica, amputada de alguns procedimentos. Temerá o GAVE o odor intenso nas salas de exame ou será desatenção? Fica o reparo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

As férias que se avizinham oferecem tempo e pretextos vários para desenhar (basta querer). Um caderno, portátil e resistente, é um belo espaço de registo das múltiplas viagens a realizar, nem que seja até à mesa do bolo-rei.
A propósito dos cadernos, a lendária marca Moleskine tem promovido nos últimos anos um concurso cujo resultado vale bem a visita :http://detour.moleskine.com/myindex.php

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O que é o desenho? O que o define? O sentido? As técnicas e os procedimentos? Os meios e os suportes? A ausência do cromatismo? A sua função?
Caracterizamos como desenhos as garatujas de uma criança, as plantas e os alçados de um arquitecto, os estudos de um designer, os esboços de um artista plástico e muitos outros registos gráficos, produzidos nos mais variados contextos. O que têm todos eles em comum?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Claude Monet, S/ Título, 17x27 cm, Cabinet des Dessins, Museu do Louvre, Paris
"Deve-se começar por desenhar...desenho simples e directo, com carvão, lápis ou outro meio, acima de tudo observando os contornos, porque nunca é certo mantê-los uma vez que se comece a pintar”
Claude Monet, 1920

Perceber onde está o desenho numa pintura ajuda a compreender as diferenças entre ambos. Das existentes, esta: se o primeiro define o espaço, a segunda caracteriza-o. Mas não se esgotam aqui os territórios – complementares – do desenho e da pintura. O exercício é estimulante, ainda mais quando o objecto de estudo é a obra de Claude Monet (1840-1926), artista impressionista cujos desenhos são bem menos conhecidos que as suas pinturas.
Para os aprendizes e não só, sugere-se o catálogo da exposição que teve lugar na Royal Academy nos idos de Março:
http://static.royalacademy.org.uk/files/introduction-to-the-unknown-monet-108.pdf

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

B.D.

Encontra-se disponível o segundo volume de “Hagar, o Horrendo”, de Dik Browne. O simpático viking retorna, com o seu humor inteligente e singular, numa agradável edição que abrange as tiras diárias publicadas durante o ano de 1974. Para além deste título, o editor Manuel Caldas é responsável, entre outros, pela publicação dos excelentes primeiros seis volumes de “O Príncipe Valente”, de Hal Foster. O editor, denotando um respeito singular pela nona arte e pelos leitores, prossegue a publicação de autores essenciais, como Warren Tufts, anunciando para breve o segundo volume das aventuras de "Lance". Para mais informações: www.manuelcaldas.com

sábado, 29 de novembro de 2008

A origem do Desenho

Plínio o Velho(23-79 d.C.) legou-nos uma versão poética da origem do desenho (Naturalis Historiae, Liber XXXV), situando-a na Antiga Grécia. Segundo o ilustre romano, foi uma jovem mulher de Corinto, chamada Dibutada, a autora do primeiro desenho, gerado pelo desejo de reter a imagem do seu amado Polemon, preste a embarcar numa nau de retorno incerto.
A pintura de Joseph Suvée (Bélgica, 1747-1807) reproduz o momento: Dibutada reparou na sombra de Polemon e, socorrendo-se de um pedaço de carvão, contornou-a, preservando uma evocação do seu amado.
Joseph Suveé, Dibutada, ou a Origem do Desenho, 1791
Groeningemuseum, Bruges

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

PreâmbuloComo aprendiz das coisas do Desenho, retenho estas duas histórias, que gosto de reproduzir a outros aprendizes que me couberam em sorte. Não são as únicas que evocam, no seu abraço pedagógico, as atitudes que qualquer aprendiz deverá evidenciar, ou adquirir, caso pretenda comunicar visualmente através do Desenho, mas são essenciais.

O Aprendiz de OurivesHá muito tempo atrás, num longínquo país do oriente, um jovem talentoso pretendeu seguir carreira de ourives. Querendo adquirir os conhecimentos necessários nesse exigente mister, o rapaz foi conduzido por seu pai à oficina de um velho e experiente ourives, homem de grande fama e sabedoria. Após pedidos insistentes, o mestre acabou por ceder, aceitando-o como aprendiz. No dia seguinte, com a excitação das coisas que se iniciam e com mil ideias a brilhar nos olhos, o nosso jovem principiante apresentou-se perante o mestre que lhe disse: “o jade é, de todas as pedras, aquela que mais trabalhamos e à qual se deve a fama desta oficina. Para que a venhas a trabalhar é importante que a conheças. Portanto, toma esta pedra e não a largues, sente-lhe o peso, cheira-a, raspa-a, observa-a atentamente e volta cá para a próxima semana”. Surpreendido, o moço agarrou a pequena pedra verde na sua mão e, apesar de algo confundido, tomou o caminho para casa, determinado a seguir o conselho dado. Passada uma semana, o jovem aprendiz voltou à oficina. O mestre acercou-se dele, pediu-lhe a pedra de jade e colocou-lhe uma nova pedra na palma da mão. “Conhece-a”, recomendou. Decidido a não desistir, o rapaz agarrou a pedra; um seixo com um matiz de verde diferente, com outro peso e com outra configuração. A semana passou e com ela as diversas experiências possíveis: tinha-a friccionado noutras superfícies, lisas e rugosas, aqueceu-a e queimou-a, mirou-a contra a luz firme do sol e a luz dançante do fogo, bateu-lhe das mais diversas formas e fixou os sons que subiram em todos as quedas que lhe provocou, lavou-a com água e lavou-a com óleos, pesou-a, cheirou-a e até a mordeu. De regresso à oficina, entregou a pedra de jade e, uma vez mais, o mestre colocou-lhe uma nova pedra de jade na mão, sempre com a mesma recomendação, “conhece-a”. Muitas semanas passaram e com elas diversas pedras de jade. Sentindo já aproximar-se a sombra da desistência, o jovem aprendiz retomou o caminho para a oficina, decidido a questionar o mestre quanto a tão bizarra aprendizagem. Uma vez chegado, e antes que a coragem lhe empurrasse a língua para protestar, o mestre colocou-lhe uma pedra na mão e disse-lhe: “toma, esta é a última lição sobre o jade antes de aprenderes a utilizar as ferramentas para o trabalhar”. O aprendiz tomou a pedra na mão e, sem a ver, disse: “mas isto não é uma pedra de jade”.

O Concurso de PintoresNa longínqua Pérsia, um sultão famoso pela sua riqueza e gosto pelas artes, a pretexto da decoração de um sumptuoso salão com paredes folheadas a ouro, decidiu tomar a seu serviço os melhores pintores do mundo. Mas havia um problema: quais seriam os melhores? Se a meticulosa graciosidade das estampas chinesas o deleitava, a vivacidade cromática das pinturas bizantinas arrebatava-o. A escolha afigurava-se difícil. Decidiu então tirar partido da indecisão e organizou um concurso de pintores. Aos grupos de pintores foram atribuídas duas paredes opostas, ocultadas por um cortinado que dividia o faustoso salão a meio. O sultão disponibilizou aos concorrentes todos os meios necessários mas, enquanto os chineses quiseram pincéis com os pelos mais exóticos e sedosos, tintas de pigmentos raros e vernizes elaborados, os pintores bizantinos, surpreendentemente, só pediram óleos, panos e camurças.
Decorridos vários dias de intenso labor, chegou o momento da inauguração. O sultão dirigiu-se primeiro à ala decorada pelos chineses. Estupefacto e maravilhado, percorreu deleitado a imensa pintura na parede dourada cujo brilho se casava harmoniosamente com as tintas sedosas. O motivo não era para menos, uma magnífica paisagem tinha sido sabiamente orquestrada com todo o requinte. Dificilmente se poderia conceber visão mais graciosa. Duvidando das possibilidades de ver tamanha maravilha ultrapassada, ordenou que a cortina fosse corrida e o trabalho dos pintores bizantinos revelado. A surpresa foi geral. Atónitos, viram o reflexo da pintura dos chineses. Os bizantinos haviam polido cuidadosamente a parede, devolvendo a imagem oposta com redobrado brilho e leveza.
Ligação rápida: Artes - Desenho - Geometria Descritiva